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segunda-feira, 2 de julho de 2018



01) COMO SURGIU A IDEIA DE MONTAR A BANDA Die Walzer Luzifers?

Surgiu em meados de 1999/2000 quando tocava na banda de black/death metal Empire of Darkness. Eu possuía algumas ideias que não se encaixavam bem na proposta daquela e resolvi compor alguns sons. Quando saí em início de 2002 comecei a por em prática minhas ideias, que na época eram mais focadas no black metal com algumas influências de thrash metal e folk. O diferencial também que as letras eram todas em alemão, o que com o tempo foi abandonado devido à dificuldade em encontrar vocalistas que conseguissem usar este idioma. Assim, me propus a montar um projeto em que eu faria tudo, desde composições, letras, arte etc ao meu gosto. Apenas para tocar convidaria músicos amigos para participar. Por isso também de eu nem considerar Die Walzer Luzifers como uma banda propriamente dita, e sim como um projeto. O nome eu tirei da música Der Tanz der Schatten da banda norueguesa Theatre of Tragedy.

02) QUAIS OUTRAS BANDA VOCÊ JÁ PARTICIPOU?

Comecei a tocar em 1994, logo passei por muitas bandas e de vários estilos: Néfesh (heavy metal), Empire of Darkness (black/death metal), Evercold (heavy prog gothic metal), Deathless Angel (heavy metal), entre várias outras que começaram e terminaram sem que conseguíssemos deixar algum legado.

03) QUE É O BLACK METAL EM SUA VIDA?

Para mim não é um estilo de vida e sim uma “filosofia de vida”. É bem estranho que bem no início quando comecei com a música eu não nutria nenhuma simpatia pelo estilo. Eu gostava mais de thrash old school e power metal. Devido à influência de meu irmão, que foi baterista e tocamos juntos muito tempo, que eu conheci o black metal em sua essência. Ele grudou em mim e nunca mais largou. Ele me possibilita uma infinidade de formas de expressão que outros estilos não permitem. Ele é acessível, é popular? Não! É politicamente correto? Absolutamente não! Por isso ele me encanta! Levou tempo para eu perceber que a minha forma de ser era completamente compatível com essa “filosofia black metal”. Na verdade esse extremismo me trouxe mais problemas que benefícios. Mas fazer o que, eu sou assim!

04) DE ONDE VEM AS INSPIRAÇÕES PARA COMPOR AS MÚSICAS E ESCREVER AS LETRAS?

As músicas vêm naturalmente quando estou sentado no meu quarto com meu baixo nas mãos (sim, eu componho com um contrabaixo!). Dizer que não me influencio pelo que escuto seria hipocrisia de minha parte. Mas absolutamente não fico pensando tipo: esta música precisa ficar bem aquela banda X. Por isso, ao escutar-se Die Walzer Luzifers, você perceberá nitidamente o esforço em fazer-se um black metal extremo, mas ao mesmo tempo, se for um conhecedor de música em geral, perceberá várias influências de bandas que até nem fazem parte da música extrema. Em relação às letras, como sou formado em História, assunto é o que não me falta para escrever. Entretanto, o que me encanta é tudo relacionado com religião, ocultismo, psicologia entre outros assuntos correlatos que tratam mais da psique humana, especialmente seu lado obscuro.

05) QUAL A PRINCIPAL FILOSOFIA E IDEOLOGIA E EXPRESSÃO NAS MÚSICAS DE DIE WALZER LUZIFERS?

Esta é uma pergunta complexa. Não gosto do termo ideologia, apesar de conhecer seu termo original que foi deturpado. No momento que afirmo que possuo uma ideologia embutida em minhas músicas, isto se pode tornar perigoso, pois sempre haverá aqueles que em nome disso ou daquilo cometem atos idiotas. Estou pouco me fudendo pra isso! Entretanto, filosoficamente sim, posso dizer que o projeto Die Walzer Luzifers encarna uma forma de expressão suprema de inconformidade, rebeldia, insubmissão ao status quo. Somos os arautos de Lúcifer neste plano! Ou melhor, somos seus músicos, afinal tocamos as “valsas de Lúcifer”. Sempre adorei os filósofos e escritores ditos “malditos”, “decadentes” na história. Pois em suma, apesar da fama de loucos, eram os únicos lúcidos que entendiam perfeitamente a natureza humana. Nem ruim, nem boa, apenas humana.

06) CONTE-NOS MAIS SOBRE O LANÇAMENTO EM 2007 DO EP: Die Walzer Luzifers I?



Este EP foi o primeiro esforço em fazer-se algo que levasse o nome do projeto. Tocou além de mim no baixo, Beackman que fez a guitarra e o vocal, e na bateria veio Helles 88 Vogel, que hoje toca em outra banda do Rio Grande do Sul. Tenho orgulho dele hoje, afinal não tive praticamente ajuda de ninguém. Óbvio que olhando pra trás, faria muita coisa diferente. Mas além de gostar dos sons, o encaro como um baita aprendizado. Fiz quatro sons, com bastantes influências do thrash metal 80’s. Ao mesmo tempo tem uma pegada folk em alguns trechos. O EP foi feito 100% independente. Fizemos somente 200 cópias e todas foram vendidas. Fiquei feliz, pois não podia nem imaginar qual seria a receptividade na mídia, mas positivamente fomos elogiados. Como não possuo mais cópias, disponibilizei o EP no youtube pra quem quiser conhecer.



                                                       Capa Ep 2007.

07) QUAIS SUAS PRINCIPAIS INFLUÊNCIAS?

Basicamente tudo relacionado à boa música. Não escuto somente metal. Fui educado musicalmente pelo meu pai, pois desde pequeno escutamos rock’n roll em casa. Transito facilmente em todos os estilos de rock, metal, jazz, blues, funk americano etc. Além do som pop anos 80, música clássica, popular alemã e outros tipos étnicos. Agora, se me perguntar o estilo preferido: black metal, óbvio!

08) QUAIS SUAS BANDAS PREFERIDAS E ALBUNS?

Difícil de dizer, pois são várias bandas e álbuns. E aqueles discos ou bandas que levo no coração é porque me marcaram em algum momento de minha vida. Como tenho uma memória muito boa, teria que remontar desde em torno de 1982, 1983. Tenho um problema com perfumes e músicas, pois me ativam a memória de uma maneira muito louca. Um simples cheiro de pinho consegue fazer com que eu me lembre de detalhes de minha vida quando ainda tinha 7, 8 anos. O mesmo acontece com a música!

09) QUAL SUA VISÃO DA CENA BLACK METAL NACIONAL?

Temos ótimas bandas! Isso é fato. Infelizmente a realidade para a música pesada em geral que não está nada boa. Ouso dizer mesmo pra o rock em si. Até existem bastantes shows, mas percebe-se nitidamente que o público está minguando. Até tenho uma teoria para isso, mas não cabe aqui ficar divagando. Espero somente que todos que amam a música pesada continuem na luta. O black metal ainda vive e sempre viverá, pois onde existirem desajustados com esse mundo, existirá hinos às trevas.

10) QUAL SUA OPINIÃO SOBRE ATEISMO?

Não me importo! Estou pouco me fudendo para todos os “ismos” por aí. O único ponto que me digno de comentar é que, normalmente os ateus levariam vantagens em qualquer discussão com um crente bastardo. Nem preciso elencar os motivos para isso. Entretanto, o que vejo e me causa repulsa é que muitos estão ficando tão ou iguais àqueles que creem em um ser criador. Ou seja, chatos e imbecis. Quer ser ateu? Seja ao menos inteligente. Já é meio caminho andado. Toda e qualquer experiência mística é subjetiva. Se você não sente nada, não tem o porquê de querer ficar convencendo os outros de uma não existência. Se você sente algo, viva e contemple para você mesmo, pois somente você poderá experenciar este algo. Não tente ficar convencendo os outros de algo que nem você mesmo entende direito.

11) QUAL SUA OPINIÃO SOBRE SATANISMO?

Como dogma estou pouco me fudendo também. Adoro estudar as religiões, e acredito que muitos se surpreenderiam com as verdadeiras origens de Satanás, ou poderia dizer Satanases. Mas não levo a sério nem um pouco ou me preocupo. Levo a filosofia do meu projeto ao pé da letra: total insubmissão à qualquer credo que seja. Tanto faz se seja o judaísmo, o cristianismo ou o islamismo. E isto significa também aos seus contrários, pois desta forma estaria admitindo sua dualidade. Na verdade estou pouco me fudendo pra todos eles, que são tudo farinha do mesmo saco. E de mais a mais, eu mesmo escrevo meu próprio Grimoire!

12) QUE PODE NOS ADIANTAR SOBRE SUAS NOVAS COMPOSIÇÕES?

Serão novamente quatro músicas, sendo uma dividida em três partes. Não será um EP longo, talvez em torno de 39 minutos. Temos a pré-produção pronta e posso afirmar que será algo bem intenso e trabalhado. Tanto é que tive dificuldades em arrumar baterista para tocar, uma vez que a pré foi produzida com bateria eletrônica, e optamos por manter a mesma brutalidade fria no disco, só que com um homem atrás dos bumbos. Nos fim das contas deu tudo certo e conseguimos um mostro das baquetas pra metralhar tudo. Desta vez além de mim Heimrih Kunst no baixo, serei acompanhado na bateria por Typhon, nas guitarras Aym-Murmur que está fazendo um trabalho diabólico nos arranjos de guitarra, e nos vocais o brutal Malphas-Zepar. Todos são integrantes de duas ótimas bandas gaúchas de death metal, mas chegamos num consenso de manter o anonimato, com exceção de mim, uma vez que o projeto está vinculado à minha imagem. Basicamente já está tudo pronto, desde arranjos finais até a arte, sendo apenas as últimas negociações com o estúdio e acredito que, no máximo em 2 ou 3 meses começaremos a gravar. Em termos líricos, continuo escrevendo sobre ocultismo, paganismo, experiências místicas, sexo. Apenas advirto que para escrever sobre isso não necessito estar citando mil nomes de demônios ou de satã para parecer fodão. A intensidade das letras está no seu conteúdo.

13) QUAIS PLANOS PARA O FUTURO?

Quando era jovem, fui treinado a esperar sempre tudo no futuro. Hoje, não espero nada do futuro! Eu me faço no aqui e agora e isso apenas que será o reflexo no futuro. Desta forma, em minha visão, só há trabalho e mais trabalho, no aqui, no agora. Isto nos define como homens de guerra!

14) OBRIGADO PELA ATENÇÃO E APOIO. MENSAGEM FINAL?

O agradecimento é todo meu por nos dar esta maravilhosa oportunidade de divulgarmos nosso trabalho e mostrarmos que ainda estamos lutando pelo metal. Quem quiser poderá nos acompanhar na página da banda no Facebook e em breve estaremos lançando o segundo EP. Apenas peço que as pessoas não desistam, que a “velharada” continue na luta, que acreditem no metal, na música. Isto que nos une. Estamos vivendo tempos estranhos, estamos voltando aos porões, mas é lá que é forjado o mais duro aço. Hail metal!



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